'Quem enricar com política é ladrão', afirma Geraldo Alckmin


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Pré-candidato do PSDB à Presidência do Brasil, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin declarou nesta quarta-feira (23), durante sabatina promovida por UOL, Folha de S.Paulo e SBT, que se sente indignado com as suspeitas de supostos crimes ocorridos em suas campanhas eleitorais e disse que "não tem absolutamente nada" nas investigações sobre ele.

Em uma defesa da própria trajetória política, Alckmin disse ter 40 anos de vida pública, citou suas experiências como vereador e prefeito de Pindamonhangaba (SP), deputado estadual e federal e governador, e afirmou que se aposentou pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), com R$ 5.000 de aposentadoria.

"Moro no mesmo apartamento. Então eu me sinto indignado, porque há uma tendência agora no Brasil de defenestrar a política, dizer que é todo mundo igual. Não, não é. Quem enricar com política é ladrão. L-a-d-r-ã-o", afirmou Alckmin, soletrando a última palavra. "Tem que diferenciar as coisas", completou. "Isso é um absurdo verdadeiro", disse o presidenciável. Alckmin afirmou que seu patrimônio total é de R$ 1,3 milhão, "praticamente o mesmo de quatro anos atrás".

O pré-candidato do PSDB disse ainda que todas as suas campanhas "foram feitas rigorosamente dentro da lei, sem nenhuma ostentação", depois de ser indagado sobre o suposto envolvimento de Adhemar Ribeiro, seu cunhado, na arrecadação de caixa 2 para despesas eleitorais.

Na delação da Odebrecht, Ribeiro foi acusado de ser intermediário no recebimento de R$ 10 milhões em caixa 2. "Ficou 1 ano essa delação na PGR [Procuradoria-Geral da República e não se chegou a nada", diz o presidenciável. "Não tem absolutamente nada."

Segundo o ex-governador, seu cunhado é apenas um "simpatizante do PSDB".

"Ele é casado com uma banqueira, dono de financeira, simpatizante do partido, nada mais do que isso. Não tem nenhuma relação com o governo", declarou, sobre o cunhado, irmão de sua mulher, Maria Lúcia Guimarães Ribeira, conhecida como dona Lu.

Alckmin rebateu ainda as acusações de que sua campanha teria recebido R$ 5 milhões em caixa 2 da concessionária CCR em 2010, sustentando que agiu contra o interesse da concessionária de estradas ao quebrar o monopólio do produto Sem Parar, que serve para pagar pedágios. "Eu quebrei o monopólio do Sem Parar. Entramos na Justiça contra as concessionárias", respondeu.

"Essa [acusação] da CCR eu não sei o que é, e está publicado na primeira página do jornal", disse.

Questionado sobre as denúncias de irregularidades envolvendo as obras do Rodoanel, Alckmin afirmou que as investigações sobre o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza --conhecido como Paulo Preto-- foram iniciadas pelo próprio governo. Documentos enviados ao Ministério Público mostram que Souza tinha R$ 113 milhões em contas na Suíça. "Se isso for provado, ele tem que dizer a origem do dinheiro", disse o pré-candidato do PSDB.

Sobre a investigação encaminhada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) para a Justiça Eleitoral de São Paulo, depois que ele perdeu o foro privilegiado ao deixar o governo do estado, no mês passado, Alckmin disse que esse é "o foro adequado".

Ele argumentou que a decisão do Ministério Público paulista de abrir uma investigação criminal contrariou o STJ e a PGR (Procuradoria-Geral da República), mas afirmou que "não tem nenhum problema". "Pode fazer as duas investigações", declarou.

Azeredo foragido e Aécio réu

A sabatina com o tucano acontece no dia em que o ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo foi considerado foragido pela Polícia Civil de Minas Gerais.

Sobre o assunto, Alckmin afirmou que o PSDB não é imune a críticas nem à prestação de contas ao Poder Judiciário e defendeu que o ex-governador de Minas se entregue.

"O PSDB não é imune à crítica, a prestar contas ao Poder Judiciário. Nós não passamos a mão na cabeça de ninguém. Justiça se cumpre. É para o PT, para o PSDB, é para todos os partidos. Ninguém está acima da lei Cumpra-se a Justiça, é essa a nossa posição", declarou.

O presidenciável também foi questionado sobre a situação do senador Aécio Neves, também ex-presidente do PSDB e tornado réu pelo Supremo Tribunal Federal. "Tenho a impressão de que ele não será candidato", disse Alckmin.

"O que é decolar?", diz Alckmin sobre pesquisas

Segundo as últimas pesquisas, Alckmin estaria fora do segundo turno se a eleição fosse hoje. O tucano chegou a aparecer com 4% das intenções de voto em um cenário do levantamento CNT/MDA divulgado na semana passada, ficando em 5º lugar.

Diante do desempenho que preocupa seus aliados, ele minimizou os resultados e disse que "as pessoas se impressionam com pesquisa eleitoral neste momento". "Pesquisa eleitoral nesse momento não está olhando o futuro", declarou. "Eu tenho de 6 a 12%. Eu não decolei. O que é decolar? Até 15 dias atrás, tinha 22 pré-candidatos. Isso é fruto da falta da reforma política", avaliou.

Alckmin citou o desempenho dos ex-prefeitos de São Paulo João Doria (PSDB) e Fernando Haddad (PT), que ficaram em 1º e 2º lugar no último pleito municipal e tinham "um dígito" nas intenções de voto no início da campanha de 2016. Em comparação, os então candidatos Celso Russomano (PRB) e Marta Suplicy (MDB) tinham, segundo Alckmin, 30% e 20%, respectivamente.

"O processo eleitoral não começou. Os argumentos da eleição ainda não comentaram. Quem tá interessado na eleição? Só nós", respondeu aos jornalistas que participaram da sabatina, acrescentando que a população só se empenhará na campanha em agosto, após a Copa do Mundo.
Tucano fala sobre alianças e diz que Doria na chapa é "fake news"

Alckmin afirmou que discute alianças com cinco partidos, mas descartou, no momento, se aliar ao MDB – cujo nome ao Planalto, Henrique Meirelles, disse respeitar.

Quanto às suposições de que o ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB), cotado para o governo do estado, possa substitui-lo como cabeça de chapa na campanha à Presidência, afirmou que isso é "fake news". Ele ainda criticou a "criatividade" da imprensa e citou nomes que não foram para a frente, como Luciano Huck e Joaquim Barbosa.

Segundo Alckmin, as definições de alianças e do vice na chapa só acontecerão em meados de julho, época das convenções partidárias. Ele afirmou acreditar que irá crescer e "crescer forte", com foco em agosto e setembro, pós-Copa do Mundo e festas juninas. Em viagens pelo Brasil, o ex-governador de São Paulo tem dito que o interesse do público às eleições só se manifestará semanas antes do primeiro turno do pleito e quando começar a campanha na televisão e no rádio.
Críticas a Temer

Questionado sobre como avalia o governo do presidente Michel Temer (MDB), Alckmin disse ser "claro" que faltou legitimidade ao emedebista para fazer as reformas propostas e, indiretamente, ser difícil governar com tantas acusações de corrupção. Ele se recusou a dar uma nota para a atual gestão.

"Quando você não tem voto, você é meio intruso. Então, essa é lógica da democracia. Ela traz força, legitimidade, crença. [...] Pelas circunstâncias, primeiro pelo impeachment, isso é um trauma. É óbvio que tem consequências. Depois, não ter voto. As circunstâncias todas, dificílimo", assegurou.

Em seguida, indagou como seria possível querer aprovar a reforma da Previdência no último ano de mandato. Temer e ministros já deram declarações de terem vontade de aprovar a medida após as eleições. "Isso não existe", assegurou.
Agenda de reformas

Na sabatina, Alckmin informou querer implementar pelo menos quatro reformas: política, com voto distrital ou distrital misto; reforma tributária; reforma de Estado; e reforma da Previdência (sem a entrada das Forças Armadas em um regime único, mas com mudanças para os militares). Se eleito, garantiu que enviará projetos de lei e propostas de emenda constitucional até 1º de fevereiro de 2019. 

O pré-candidato se disse favorável à reforma trabalhista aprovada pelo governo Michel Temer e que ela foi "bem-feita". Contudo, afirmou que precisa ser aperfeiçoada, como os termos de trabalho de grávidas e lactantes em situações de insalubridade.

Questionado se recriaria a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), Alckmin negou e falou ser "muito cômodo acertar as contas públicas aumentando a carga tributária". Para o pré-candidato, é preciso reduzir despesas para aumentar a confiança, gerar investimentos e fazer a economia crescer.

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